quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

E poesia se explica?

Poesia não é regra
que se aplique.
É coisa de pau-a-pique,
ar que se recarrega
dentro do alambique.

Falando em rima

Será que existe clima
pra uma peleja?
Algo de esgrima,
com gramática,
mas nada de física
ou matemática.
Somente o que
o sentido almeja.

Dando corda à poesia

Se meu violão falasse.
Ele, cantando, diria:
mulher, minha viola.
Toca o amor
nas minhas cordas?
Desce uma cerveja
e arranca a tristeza
quem me assola.

Toca esse samba
sem falar de amor,
tristeza, melancolia.
Dessa vez quero
que presenteie com calor
e encha a roda de alegria.

Se meu violão falasse.
Diria: mulher, viola minha
violão e viola é a sina
de um amor com samba
e esse amor nasce nas cordas,
começa na sua
e termina na minha.

Rai-cai

Poesia
minha alegre
anistia.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

atravessei o mundo inteiro
e parei no meio

agora tô parado no meio
do mundo inteiro.


a poesia
é brincar com a palavra
feito o mar com a maresia

não quero impacto
quero o pacto
da alma com o intacto

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Do amor

Platônico acontecimento,
que não entra e nem cabe
na memória e no esquecimento.

Incompreensível mistura.
queima por dentro,
invade com candura, e
por muitas congela o tempo.

Às vezes arma outras desarma,
uns dizem calma, outros, é karma.
Mas o que ninguém diz é,
te acalma, tenha paciência.
Um dia ele vem é buscar tua alma.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A sombra da luz de um poeta

Poeta, bendito poeta.
Consegue enxergar luz
que a sombra projeta.
Poeta, que a palavra seduz.

Como a dança das gueixas
num cabaré de paris.
Como todas as queixas
que o mundo bem diz.

Poeta, que ama,
mas ama tanto
que reclama.
Portanto, poeta,
projete-se na luz
que a sombra acerta.

Ao que resta

Ao que a ciência me diz
sobre o alvo centrismo,
e ao que a experiência condiz
em acordo com o egocentrismo.

Ao que ontem gritei,
que hoje se cala.
Amanhã serei depois,
e antes de toda fala.

Não me cabe dizer
nada a ninguém.
Não cabe a mim condizer
o que rezo com um amem.

Se o que prezo
está mais aquém
do que gostaria
e além disso tudo
ainda me resta alegria.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Haicais

Mosquitos de inverno,
no frio que seja,
trazem o inferno.


Odor da noite,
escuro da história.
Oh dor do açoite.


Ás escuras, inocência.
Ás claras, decência.
Ás cinzas, prudência.


A fome que à noite late
é espancada
pela preguiça que bate.