sábado, 14 de novembro de 2009

Dorme

Dorme minha melancolia,
deixe que a alegria desperte.
Deixe que o sol me acerte,
queime minha pele,
me faça sentir a vida.
Deixe que cubra a velha ferida.

Dorme melancolia.
Já não vês que não és bem-vinda?
Vá e leve contigo essa agonia,
essa de não saber o que incomoda.
Vá, divirta-se, quem sabe
não aprendes que estás fora de moda.

Adormeça contigo todos seus parentes,
e leve embora toda essa dúvida
do que é dor e o que é dente.

Um dentro do outro

E em uma manhã acordo
como se nada tivesse acontecido.
O mundo todo em acordo
e o mal todo esquecido.

A velhinha conta dinheiro na rua,
e no psicólogo, a preocupação,
em prantos sem a habitual atenção.
E a moça bonita a olhar a lua.

Das casas, as janelas de braços abertos
acolhendo em longos abraços as brisas.
Os bancos todos fechados, sem necessidade.
As ruas, praças, lotadas de sorrisos à vontade.
Sentados nos bancos e jogados aos braços da liberdade.

Dos problemas só as soluções
brincando nos parques da consciência.
De tudo melhor as ações
deixando de lado a palavra-ciência.

Os costumes, já desacostumados com a paz,
saem mostrando as caras nas ruas,
E os receios todos corajosos, fora da alcatraz,
e todas as verdades andando nuas.

E como o poetinha vagabundo:
de repente, não mais que de repente,
vem abaixo todo esse mundo.
Acordo, dessa vez fora do sonho,
levanto ainda com a preguiça pungente.
Vou ao banheiro, olho no espelho e continuo bizonho.

Por mais jazz

Por mais
que o mar
me chame.
Por mais
que o cais
me expulse.
Por mais
que o motor
esteja ligado.
Por mais,
todo o mais,
há mais
e sempre
haverá
jazz.